quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Quem quer que você seja, segurando-me agora nas mãos




Walt Whitman

Whoever you are, holding me now in hand

Quem quer que você seja, segurando-me agora nas mãos,
Sem uma coisa, tudo será inútil,
Vou avisar antes que você continue,
Não sou o que você supõe, sou bem diferente.

Quem é ele que se tornaria meu seguidor?
Quem se alistaria a ser candidato de meus afetos?

O caminho é suspeito, o resultado incerto, talvez destrutivo.
Você teria que abandonar tudo, somente eu esperaria
ser o teu Deus, único e exclusivo,
Seu noviciado seria longo e exaustivo,
Toda a teoria antiga de sua vida e toda a conformidade
com as vidas ao seu redor, teria de ser abandonada;
Por isso livre-se de mim agora, antes que eu perturbe você -
tire a mão dos meus ombros,
Deixe-me de lado, e siga o seu caminho.

Ou então, furtivos, em algum bosque, por causa da justiça,
Ou atrás de um rochedo, ao ar livre,
(Pois eu não apareço sob um teto de casa, ou junto
de companhia,
E nas bibliotecas estou mudo, inerte,
não-nascido, ou morto,)
Mas, possivelmente, com você num alto de colina,
primeiro vigiando para que alguém, milhas ao redor,
não possa chegar sem ser percebido,
Ou possivelmente com você navegando no mar,
ou numa praia, ou ilha deserta,
Aqui eu permito que você coloque os seus lábios
sobre os meus,
Com o longo beijo de camarada, ou beijo de
novo esposo,
Pois eu sou o novo esposo, eu sou o camarada.

Ou se você quiser, insinuando-me dentro de suas roupas,
Onde eu possa ouvir o palpitar de seu coração, ou
descansar junto ao seu quadril.

Leve-me com você quando seguir por terra ou mar,;
Pois assim apenas ao tocar você será suficiente, - o melhor
E ao tocar você eu poderia dormir em silêncio e ser
conduzido eternamente.

Mas ao conhecer atentamente estas páginas, você conhecerá o perigo,
Pois estas páginas, e a mim, você não pode compreender.
Primeiro, elas vão eludir você, mais adiante,
e eu vou eludir você, com certeza,
Mesmo quando você pensar que me apanhou, veja bem!
Veja que eu já escapei de você.

Pois não é pelo que deixei nele que escrevi este livro,
nem é ao ler que você vai adquiri-lo,
Nem assim conhecem-me bem aqueles que admiram-me
e altivamente louvam-me,
Nem os candidatos ao meu amor, (a menos que sejam uns
poucos) se provarão vitoriosos,
E nem meus poemas farão apenas bem – eles também
farão tanto mal, talvez mais;
Pois tudo é inútil sem o que você poderia adivinhar muitas vezes
e não alcançar – o que insinuei;
Então livre-se de mim, e siga o seu caminho.
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trad. livre: Leonardo de Magalhaens
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in “Leaves of Grass” 1855
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