EXCESSO DE LEITURA DOS BEST-SELLERS DO MÊS
Dedicado a Dan Brown
Lembro de fatos relacionados à minha visita ao Louvre, sim, o Museu
do Louvre, em Paris, sob a sombra da polêmica Pirâmide de vidro,
quando permiti (e até incentivei ) Elisa a fotografar-me junto as
famosas peças da arte arquitetônica francesa, com acentos renascentistas
ou traços modernos (ou pós-modernos, como é o caso da própria
Pirâmide), num entardecer de brumas.
(Em Roma, nos domínios do Vaticano, eis que estou numa missa de
Corpus Christi e perplexo diante da adoração, do fascínio destes
sacerdotes diante de uma imagem – uma estátua! – de um corpo morto.
Coroa de espinhos e filetes de sangue.)
Procuramos ângulos inusitados. A câmera em busca de posições
panorâmicas. Agachado sob as arcadas, ou apontando para a Pirâmide
de vidro,ou focando a entrada do Louvre, imagens são coletadas para
um futuro. Um casal reclinado em sua comodidade, admirando a saúde
e os sorrisos das viagens na juventude. Depois permitimo-nos passear ao
longo das paredes de vidro da Pirâmide, notando lá embaixo, os corredores
e as paredes exibindo as coleções das mais valiosas pinturas do mundo.
(Roma – proclamando minha perplexidade, consigo votos de apoio. A
praça de São Pedro é sacudida por ondas humanas. Adorem o Deus-Vivo,
eu grito. Esqueçam o Deus-Menino, o Deus-Sacrificado! Ninguém se
interessa por um Deus de vitórias? Sou agora acusado, diante dos pilares
do templo e sob a sagrada sombra da Basílica, de ser um perturbador, ou
mais, um herege. Aquele a corromper os fiéis, a desviar o rebanho!
Esclareço que não me agradam as acusações de iconoclasta, ou pagão,
ou luterano. Alegam, com lentas palavras de fria intolerância, que o Deus
é aquele que se sacrificou pelos homens, vis pecadores. Eu lembro que
Deus é um Deus de Poder, de Glória, não um Deus-Homem-Morto,
sangrando até os dias atuais.)
Sob os arcos, sob a meia-luz do anoitecer parisiense, fotografar um
prédio, com tão vastos detalhes, exige uma dose de profissionalismo
que, infelizmente, nos falta. Aqui, onde o passado e o presente se
encontram,onde contornos floreados se encontram lado a lado com
fibras sintéticas... ah, perdoem-me minha ignorância quanto a detalhes
arquitetônicos...
(Autoridade eclesiásticas, em vestes escarlates, prenunciando o sangue,
olham-me de suas culminâncias com retinas piedosas. Sou obrigado a
novas explicações. Abatem-me sujas imprecações e vazias acusações.
É inútil apresentar claramente minhas idéias, um tanto embaralhadas
após semanas num antro escuro, a pão, bolachas e água morna. Ouço,
às minhas costas (minhas doloridas costas!) as vozes blasfemas de muitos
que se auto-apregoavam meus companheiros. Trata-se de uma armadilha.
Vozes amigas. Vozes inimigas. Traição e perfídia! Torturam-me a alma
além do corpo. Sangram-me a dignidade além dos ossos moídos.
Torturam-me. Sou condenado. Olhos anseiam pelo crepitar das labaredas.)
Abraço Elisa, depois de incluí-la em outras fotos (encontramos um italiano
muito gentil), tendo, ao fundo, a Pirâmide. Abraçados, sorrimos e nos
entregamos à noite.
Abr/06
(Revisado: jun/06)
Por
Leonardo de Magalhaens
Dedicado a Dan Brown
Lembro de fatos relacionados à minha visita ao Louvre, sim, o Museu
do Louvre, em Paris, sob a sombra da polêmica Pirâmide de vidro,
quando permiti (e até incentivei ) Elisa a fotografar-me junto as
famosas peças da arte arquitetônica francesa, com acentos renascentistas
ou traços modernos (ou pós-modernos, como é o caso da própria
Pirâmide), num entardecer de brumas.
(Em Roma, nos domínios do Vaticano, eis que estou numa missa de
Corpus Christi e perplexo diante da adoração, do fascínio destes
sacerdotes diante de uma imagem – uma estátua! – de um corpo morto.
Coroa de espinhos e filetes de sangue.)
Procuramos ângulos inusitados. A câmera em busca de posições
panorâmicas. Agachado sob as arcadas, ou apontando para a Pirâmide
de vidro,ou focando a entrada do Louvre, imagens são coletadas para
um futuro. Um casal reclinado em sua comodidade, admirando a saúde
e os sorrisos das viagens na juventude. Depois permitimo-nos passear ao
longo das paredes de vidro da Pirâmide, notando lá embaixo, os corredores
e as paredes exibindo as coleções das mais valiosas pinturas do mundo.
(Roma – proclamando minha perplexidade, consigo votos de apoio. A
praça de São Pedro é sacudida por ondas humanas. Adorem o Deus-Vivo,
eu grito. Esqueçam o Deus-Menino, o Deus-Sacrificado! Ninguém se
interessa por um Deus de vitórias? Sou agora acusado, diante dos pilares
do templo e sob a sagrada sombra da Basílica, de ser um perturbador, ou
mais, um herege. Aquele a corromper os fiéis, a desviar o rebanho!
Esclareço que não me agradam as acusações de iconoclasta, ou pagão,
ou luterano. Alegam, com lentas palavras de fria intolerância, que o Deus
é aquele que se sacrificou pelos homens, vis pecadores. Eu lembro que
Deus é um Deus de Poder, de Glória, não um Deus-Homem-Morto,
sangrando até os dias atuais.)
Sob os arcos, sob a meia-luz do anoitecer parisiense, fotografar um
prédio, com tão vastos detalhes, exige uma dose de profissionalismo
que, infelizmente, nos falta. Aqui, onde o passado e o presente se
encontram,onde contornos floreados se encontram lado a lado com
fibras sintéticas... ah, perdoem-me minha ignorância quanto a detalhes
arquitetônicos...
(Autoridade eclesiásticas, em vestes escarlates, prenunciando o sangue,
olham-me de suas culminâncias com retinas piedosas. Sou obrigado a
novas explicações. Abatem-me sujas imprecações e vazias acusações.
É inútil apresentar claramente minhas idéias, um tanto embaralhadas
após semanas num antro escuro, a pão, bolachas e água morna. Ouço,
às minhas costas (minhas doloridas costas!) as vozes blasfemas de muitos
que se auto-apregoavam meus companheiros. Trata-se de uma armadilha.
Vozes amigas. Vozes inimigas. Traição e perfídia! Torturam-me a alma
além do corpo. Sangram-me a dignidade além dos ossos moídos.
Torturam-me. Sou condenado. Olhos anseiam pelo crepitar das labaredas.)
Abraço Elisa, depois de incluí-la em outras fotos (encontramos um italiano
muito gentil), tendo, ao fundo, a Pirâmide. Abraçados, sorrimos e nos
entregamos à noite.
Abr/06
(Revisado: jun/06)
Por
Leonardo de Magalhaens
Nenhum comentário:
Postar um comentário