RIMBAUD
ADIEU
(parte final de Une Saison en Enfer)
Sim, a hora nova é, no mínimo, muito severa.
Pois eu posso dizer que a vitória me é certa: o ranger
de dentes, os assobios de fogo, os suspiros empestados,
moderados. Todas as recordações imundas se desfazem.
Meus últimos remorsos fogem, - cuidados com os
mendigos, os marginais, os amigos da morte, os excluídos
de todas as espécies. - Malditos, se eu então me vingasse !
É preciso ser absolutamente moderno.
Nada de cantigas: manter o ritmo. Noite difícil! O sangue
ressecado em vapor sobre a minha face e nada me persegue,
a não ser esse horrível arbusto!... O combate espiritual é tão
brutal quanto a batalha dos homens; mas a visão da justiça
é o prazer de Deus somente.
No entanto, eis a vigília. Receberemos todos os influxos de
vigor e de real ternura. E na aurora, armados de uma ardente
paciência, entraremos nas cidades esplêndidas.
Uma aposta amiga! Uma bela vantagem, eis que posso rir
dos velhos amores falsos, e golpear de vergonha estes casais
mentirosos - eu vi o inferno das mulheres lá embaixo; - e para
mim será justo possuir a verdade numa alma e num corpo.
(1873)
trad. leonardo de magalhaens
fev/05
Nenhum comentário:
Postar um comentário