quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

outra cidade de AS CIDADES INVISÍVEIS de Italo Calvino...




As Cidades Invisíveis

Le Città Invisibili



Italo Calvino



trad. Livre – LdeM




As cidades e os sinais . 3



O homem que viaja e não conhece ainda a cidade que o espera ao longo da estrada, se pergunta como será o palácio real, a caserna, o moinho, o teatro, o mercado. Em toda cidade do império todo edifício é diferente e disposto numa ordem diversa: mas apenas o forasteiro chega à cidade desconhecida e lança o olhar em meio aquela pinha de pagode e sótãos e telhados de feno, seguindo o traçado de canais hortos monturos, de repente distingue quais são os palácios dos príncipes, quais os templos dos grandes sacerdotes, a pousada, a prisão, o bairro boêmio. Assim – disse alguém – se confirma a hipótese de que todo homem carrega na mente uma cidade feita somente de diferenças, uma cidade sem figura e sem forma, e as cidades particulares a preenchem.


Não é assim em Zoe. Em todo lugar desta cidade se poderia vez a outra dormir, fabricar ferramentas, cozinhar, acumular moedas de ouro, despir-se, reinar, vender, interrogar oráculos. Qualquer teto em pirâmide poderia cobrir tanto o lazareto dos leprosos quanto as termas das odaliscas. O viajante gira e gira e não há o que duvidar: não conseguindo distinguir os pontos da cidade, também os pontos que ele tem distinto na mente se misturam. Lá se infere isto: se a existência em todos os seus momentos é toda si mesma, a cidade de Zoe é o lugar da existência indivisível. Mas por que agora a cidade? Qual linha separa o dentro do fora, o estrondo das rodas do uivo dos lobos?” (trad. LdeM)




Italo Calvino





para ouvir sobre outras cidades invisíveis ...


http://www.youtube.com/watch?v=Bjwlg91dDwY&feature=related


http://www.youtube.com/watch?v=p8O07rFCpuE&feature=related



LdeM

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