segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Café noturno - Nachtcafé - Gottfried Benn









Gottfried Benn

Nachtcafé

Café noturno


Amor e vida das senhoras.
O cello bebe de uma vez veloz. A flauta
arrota fundo nos três compassos: o belo jantar.
O tambor lê o romance policial até o fim.


Dentes verdes, espinhas na cara
acena a uma inflamação nas pálpebras.


Sebo no cabelo
fala de boca aberta com amígdala
Crença Amor Esperança à garganta.


Jovem papeira é bom nariz chato.
Ele paga para ela três cervejas.


Doença de cabelo compra cravos,
a comover queixo-duplo.


Bemol: a 35ª sonata
Dois olhos berram:
Não derrame o sangue de Chopin no salão,
Para depois a ralé andar ao redor!
Chega! Ei, Gigi ! –


A porta se desloca: uma mulher.
Deserto ressecado. Morena cananéia.
Pura. Cavernosa. Um perfume chega junto.
Sutil perfume.
É apenas uma doce curvatura do ar
contra o meu cérebro.


Uma obesidade tropeça em seguida.



Trad. livre: Leonardo de Magalhaens

http://leoliteraturaescrita.blogspot.com





Nachtcafé


Der Frauen Liebe und Leben.

Das Cello trinkt rasch mal. Die Flöte

rülpst tief drei Takte lang: das schöne Abendbrot.

Die Trommel liest den Kriminalroman zu Ende.



Grüne Zähne, Pickel im Gesicht

winkt einer Lidrandentzündung.



Fett im Haar

spricht zu offenem Mund mit Rachenmandel

Glaube Liebe Hoffnung um den Hals.



Junger Kropf ist Sattelnase gut.

Er bezahlt für sie drei Biere.



Bartflechte kauft Nelken,

Doppelkinn zu erweichen.



B-moll: die 35. Sonate

Zwei Augen brüllen auf:

Spritzt nicht das Blut von Chopin in den Saal,

damit das Pack drauf rumlatscht!

Schluß! He, Gigi! -



Die Tür fließt hin: Ein Weib.

Wüste ausgedörrt. Kanaanitisch braun.

Keusch. Höhlenreich. Ein Duft kommt mit.
Kaum Duft.

Es ist nur eine süße Verwölbung der Luft

gegen mein Gehirn.



Eine Fettleibigkeit trippelt hinterher.



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