terça-feira, 21 de junho de 2011

Canção da Estrada Aberta (3/5) - Whitman







Canção da Estrada Aberta

Song of the Open Road


7.

Aqui está o transbordar da alma,
O transbordar da alma vem de dentro através de emoldurados portais,
mesmo provocando questões,
Por que são assim estas ânsias? Por que são assim estes meditares no escuro?
Por que existem homens e mulheres que enquanto estão ao meu lado
a luz solar
expande o meu sangue?
Por que quando eles me abandonam minhas flâmulas de alegria
declinam e murcham?
Por que existem árvores sob as quais eu nunca caminho sem
que pensamentos grandiosos e melódicos desçam sobre mim?
(Acho que os pensamentos pendem lá no inverno e verão
naquelas árvores
e sempre
caem frutos quando eu passo;)
O que que eu intercambio tão subitamente com estranhos!
O que com algum motorista quando viajo no assento ao seu lado?
O que com algum pescador arrastando sua rede-de-pesca
pela praia enquanto eu caminho e paro um momento?
O que concede-me para estar livre a uma boa-vontade
de mulher e homem? O que
concede a eles para estarem livres para mim?



8.


O transbordar da alma é felicidade, aqui está a felicidade,
Acho que ela se espalha no ar, esperando em todos os momentos,
Agora derrama-se sobre nós, estamos devidamente providos.

Aqui sobre o caráter fluido e simpático,
O caráter fluido e simpático é a frescura e doçura de homem e mulher,
(As ervas ao alvorecer brotam não mais frescas e doces a cada dia
nas próprias raízes, do que brota fresco e doce
continuamente em si-mesmo.)

Rumo ao caráter fluido e simpático vaza o suor do amor dos jovens e dos velhos,
Deste cai destilado o charme que zomba da beleza e sucessos,
Rumo a isto projeta-se a trêmula e ansiosa dor do contato.



9.


Allons! Vamos! Seja quem for você que está viajando comigo!
Viajando comigo você encontra o que nunca se cansa.

A terra nunca se cansa,
A terra é rude, silenciosa, incompreensível de início, a Natureza
é rude
e incompreensível de início,
Não desanime, continue, existem coisas divinas bem envelopadas,
Juro a você que existem coisas divinas bem mais belas
do que as palavras expressam.


Allons! Vamos! Não devemos parar aqui,
mesmo que sejam doces estas lojas sortidas, mesmo que seja
conveniente esta morada
nós não podemos ficar aqui,
Mesmo que seja protegido este porto e mesmo que sejam calmas estas águas
não devemos ancorar aqui,
Mesmo que seja acolhedora a hospitalidade conosco
nós nos permitimos recebê-la
não mais que um momento.



Trad. livre: Leonardo de Magalhaens

http://leoliteraturaescrita.blogspot.com/

...


Walt Whitman

Song of the Open Road


7



Here is the efflux of the soul,

The efflux of the soul comes from within through embower'd gates,

ever provoking questions,

These yearnings why are they? these thoughts in the darkness why are they?

Why are there men and women that while they are nigh me the sunlight

expands my blood?

Why when they leave me do my pennants of joy sink flat and lank?

Why are there trees I never walk under but large and melodious

thoughts descend upon me?

(I think they hang there winter and summer on those trees and always

drop fruit as I pass;)

What is it I interchange so suddenly with strangers?

What with some driver as I ride on the seat by his side?

What with some fisherman drawing his seine by the shore as I walk by

and pause?

What gives me to be free to a woman's and man's good-will? what

gives them to be free to mine?



8



The efflux of the soul is happiness, here is happiness,

I think it pervades the open air, waiting at all times,

Now it flows unto us, we are rightly charged.

Here rises the fluid and attaching character,

The fluid and attaching character is the freshness and sweetness of

man and woman,

(The herbs of the morning sprout no fresher and sweeter every day

out of the roots of themselves, than it sprouts fresh and sweet

continually out of itself.)



Toward the fluid and attaching character exudes the sweat of the

love of young and old,

From it falls distill'd the charm that mocks beauty and attainments,

Toward it heaves the shuddering longing ache of contact.



9



Allons! whoever you are come travel with me!

Traveling with me you find what never tires.


The earth never tires,

The earth is rude, silent, incomprehensible at first,

Nature is rude and incomprehensible at first,

Be not discouraged, keep on, there are divine things well envelop'd,

I swear to you there are divine things more beautiful than words can tell.


Allons! we must not stop here,

However sweet these laid-up stores, however convenient this dwelling

we cannot remain here,

However shelter'd this port and however calm these waters we must

not anchor here,

However welcome the hospitality that surrounds us we are permitted

to receive it but a little while.



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