sábado, 21 de agosto de 2010

Ode a uma Urna Grega - John KEATS




John Keats

Ode a uma Urna Grega
Ode on a Grecian Urn

I

Tu, ainda intacta noiva da quietude
Tu, filha adotada do silêncio e da demora
Historiadora selvagem, que podes então expressar
Uma estória florida mais suave que nossa rima:
Que legenda folheada assusta tua forma
De deuses ou mortais, ou de ambos,
no Tempo ou os vales da Arcádia ?
Que homens ou deuses são estes? Que donzelas inertes ?
Que louca caçada ? Que luta para escapar ?
Que flautas e tamborins? Que êxtase selvagem ?
.

II

Melodias ouvidas são suaves, mas as não ouvidas
São mais suaves; assim, tocai as melódicas flautas;
Não ao ouvido sensual, porém, mais queridas,
Flauta ao espírito, cantigas sem tom:
Bela juventude, sob as árvores, não podeis deixar
Tua canção, nem podem as árvores desfolhadas;
Amante audaz, nunca, nunca, podeis beijar,
Embora alcançando o alvo – ainda não lamente;
Ela não mingua, embora não tenhas teu gozo,
Para sempre desejas amar, e ela será bela!
.

III

Ah felizes, felizes ramos! Que não podeis soltar
Vossas folhas, nem mesmo a Primavera dizer adieu;
E, feliz melodista, incansável,
Para sempre tocando canções sempre novas;
Felicíssimo amor! Mui feliz, feliz amor!
Para sempre quente e ainda para gozar,
Para sempre arfante, e para sempre jovem;
Toda ofegante paixão humana elevada,
Que deixa um peito magoado e pesaroso,
Uma fronte ardente, e uma língua árida.
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IV

Quem são estes chegando ao sacrifício ?
Ao verde altar, ó misterioso sacerdote,
Trazes esta novilha a mugir aos céus,
E os quadris vestidos com grinaldas ?
Que aldeia à beira-rio ou beira-mar,
Ou pacífica fortaleza erguida no monte,
Está vazia de pessoas, nesta piedosa manhã ?
E, aldeia, tuas ruas para sempre
Serão silentes; e não uma alma a dizer
Porque estás desolada, poderá voltar.
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V

Ó forma grega! Formoso gesto! Com crias
De mármore homens e donzelas feitos,
Com ramos da floreta e ervas amassadas;
Tu, forma silente, deixa-nos fora da razão
Como faz a eternidade: Fria Pastoral !
Quando a velhice a esta geração destruir,
Permanecerás, em meio a pesares além
Dos nossos, uma amiga ao homem, a quem dizes,
Beleza é verdade, verdade é beleza, - eis tudo
O que sabeis aqui, e tudo o que precisais saber.

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