Trilogia semiótica
II
O Luar
O luar
banha de luz
os casais na avenida
e no cais.
O luar
é a musa dos violeiros
seresteiros.
O luar
é uma imagem
nos poemas do Bilac.
O luar
é um holofote indiscreto sobre
o beijo dos namorados.
O luar
é apenas o reflexo
da luz solar na superfície lunar.
O luar
contagia
os poetas e os lobisomens.
O luar
apaga
as estrelas do cinturão
de Orião.
O luar
projeta
a silhueta da árvore
na face do taxista.
O luar
ilumina as ruas becos
escuros de corpos morenos.
O luar
é um tema musical
do magistral Debussy.
O luar
revela
um jorro de porra
ou de sangue.
O luar
assombra
um quadro romântico
de Caspar David.
O luar
derramado
sobre amores e olhares.
O luar
mergulha
no mar.
O luar
escorrega
da suspensa bolacha de luz
fatiada
pelos fios de
alta-tensão.
28mar10
Leonardo de Magalhaens
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