quinta-feira, 22 de abril de 2010

Trilogia Semiótica - II. O Luar



Trilogia semiótica

II

O Luar

O luar
banha de luz
os casais na avenida
e no cais.

O luar
é a musa dos violeiros
seresteiros.

O luar
é uma imagem
nos poemas do Bilac.

O luar
é um holofote indiscreto sobre
o beijo dos namorados.

O luar
é apenas o reflexo
da luz solar na superfície lunar.

O luar
contagia
os poetas e os lobisomens.

O luar
apaga
as estrelas do cinturão
de Orião.

O luar
projeta
a silhueta da árvore
na face do taxista.

O luar
ilumina as ruas becos
escuros de corpos morenos.

O luar
é um tema musical
do magistral Debussy.

O luar
revela
um jorro de porra
ou de sangue.

O luar
assombra
um quadro romântico
de Caspar David.

O luar
derramado
sobre amores e olhares.

O luar
mergulha
no mar.

O luar
escorrega
da suspensa bolacha de luz
fatiada
pelos fios de
alta-tensão.

28mar10

Leonardo de Magalhaens

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