imagem: quadro de Van Gogh (fonte: wikimedia)
Antonio
La Carne
[fonte: próprio autor; recebido
por e-mail]
ele
havia domesticado a minha farsa
no
momento em que eu me permiti sofrer
e
ao acordar não percebi os rostos em volta.
eu
havia abandonado as comédias românticas.
não
pedi auxílio aos pedestres ou aos pais de família.
mantive
o silêncio às escondidas.
imaginei
jantares, missivas numeradas, elogios em vão.
as
noites estreladas desvendam gritos e mágoas.
nem
sequer me importei com a chuva.
nem
fiz da cidade um personagem.
matei
pelo prazer de quem sobrevive.
recebi
os convivas enquanto nos desmembrávamos.
caí
de bruços no quadrado da cama.
dormi
duas noites em paz.
fingi
ser de mim a posse, clarear as ideias, ser fiel às imposições.
ao
fechar as portas, a luz intacta da sala me possuiu como um objeto.
dois
anos luz presos ao fim da picada.
éramos
cobras do outro lado da linha.
o
prumo do que antecede o vento.
noções
de abuso enquanto te ofereço lugar na mesa.
o
simples fato de não saber o porquê dos danos.
vindos
de longe parecem tão limpos, tão bronzeados.
a
chama apagou enquanto você me extorquiu drogas, decepções.
na
areia da praia fiz um pedido sobre rochas e falésias.
com
os meus dentes os jogos parecem insensatos.
quisera
eu me unir ao teu grupo de amigos.
1º
de dezembro: recomeçarás sem pestanejar.
licor
nos lábios enquanto o gato mia.
prendi
meus inventos num pasto omisso.
as
regras da absolvição.
os
negrumes da tarde ao norte.
dualidade
esferográfica sem pontas.
imagem
do homem que se desfaz com o dito pelo não dito.
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de La Carne
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