NELSON
ALEXANDRE
SALÃO
DE PIZZA SURREAL
Um
desvairado toca como louco
Uma guitarra desafinada
Que levanta Kurt Cobain de seu nirvana suicida
Um cogumelo radioativo ergue
Uma barricada de Walt Whitmans
Prontos para marchar ao Brooklyn
De Crazy Cock.
Uma viagem perfeita
Por Bunker Hill
Na Los Angeles das noites baleadas
Como um peão louco
Arrebentando janelas
Com estilhaços de gillettes desarmoniosas
Deformando íris vertidas para o alto
Junto a um coração rasgado que a gente cose
De nó em nó.
Um rolê por Salsalito é um sonho místico
Ver o mar californiano sem um puto no bolso
Pedindo hot dogs
Bebendo cerveja mexicana
Desconfiando do hambúrguer com pouco queijo
E do café gelado servido por 80 centavos.
Descolo uma fatia de pizza com Sid Vicious
Um breakfast com Nancy babando gema de ovos
E expurgando salsichas e feijão branco com palavrões e reclames
Vejo tudo meio irlandês numa caneca cheia de Guinness
Um malte escocês no kilt das ideias
Transpassam o Tâmisa como um corpo boiando
Em frente à chapa quente
Com cupcakes queimados por bitucas
Da boca desesperada de Susan George ainda jovem.
À noite o drive-in das sombras toca rockabillys
Exibe filmes de Sam Peckinpah por uma ninharia
Com circos e parques de diversões exalando o cheiro
Do milho cozido vindo de Ohio.
Tudo isso eu desejo sob o luar de São Paulo à Maringá
Engatando a 5° marcha do meu Hudson imaginário
Na estrada que me leva a algum lugar onde há uma porta aberta
E uma luz acessa
Com uma escritora de poesia
Fazendo um esboço de minha vida
Digo pra ela esquecer a minha vida
Quero apenas seus lábios com batom em minha boca
Como um selo de garantia
A única coisa que merece ser lembrada.
Uma guitarra desafinada
Que levanta Kurt Cobain de seu nirvana suicida
Um cogumelo radioativo ergue
Uma barricada de Walt Whitmans
Prontos para marchar ao Brooklyn
De Crazy Cock.
Uma viagem perfeita
Por Bunker Hill
Na Los Angeles das noites baleadas
Como um peão louco
Arrebentando janelas
Com estilhaços de gillettes desarmoniosas
Deformando íris vertidas para o alto
Junto a um coração rasgado que a gente cose
De nó em nó.
Um rolê por Salsalito é um sonho místico
Ver o mar californiano sem um puto no bolso
Pedindo hot dogs
Bebendo cerveja mexicana
Desconfiando do hambúrguer com pouco queijo
E do café gelado servido por 80 centavos.
Descolo uma fatia de pizza com Sid Vicious
Um breakfast com Nancy babando gema de ovos
E expurgando salsichas e feijão branco com palavrões e reclames
Vejo tudo meio irlandês numa caneca cheia de Guinness
Um malte escocês no kilt das ideias
Transpassam o Tâmisa como um corpo boiando
Em frente à chapa quente
Com cupcakes queimados por bitucas
Da boca desesperada de Susan George ainda jovem.
À noite o drive-in das sombras toca rockabillys
Exibe filmes de Sam Peckinpah por uma ninharia
Com circos e parques de diversões exalando o cheiro
Do milho cozido vindo de Ohio.
Tudo isso eu desejo sob o luar de São Paulo à Maringá
Engatando a 5° marcha do meu Hudson imaginário
Na estrada que me leva a algum lugar onde há uma porta aberta
E uma luz acessa
Com uma escritora de poesia
Fazendo um esboço de minha vida
Digo pra ela esquecer a minha vida
Quero apenas seus lábios com batom em minha boca
Como um selo de garantia
A única coisa que merece ser lembrada.
...
O
ALMOÇO
Quantas
histórias pode conter uma gota de chuva?
Uma garrafa de cerveja?
Um encontro que não aconteceu?
Um beijo que não se concretizou?
Ou mesmo um poema escrito para ninguém?
Eu sei que estou olhando para o céu
Para a longevidade do discurso morto
Pensando na maciez concreta de suas pernas tatuadas
Na fluidez do amor idealizado e cortado bruscamente
Como o fim de um curta autoral.
Eu escrevo poemas para quem não me quer
Por dois motivos
O primeiro: é essa esperança boba que todo escritor tem
De criar um mundo à parte do real e se contentar com ele
O segundo: Não há mais nada a fazer a não ser escrever e esperar
Esperar por tudo e por ninguém.
Às vezes penso em colocar uma placa sob o pescoço:
Uma garrafa de cerveja?
Um encontro que não aconteceu?
Um beijo que não se concretizou?
Ou mesmo um poema escrito para ninguém?
Eu sei que estou olhando para o céu
Para a longevidade do discurso morto
Pensando na maciez concreta de suas pernas tatuadas
Na fluidez do amor idealizado e cortado bruscamente
Como o fim de um curta autoral.
Eu escrevo poemas para quem não me quer
Por dois motivos
O primeiro: é essa esperança boba que todo escritor tem
De criar um mundo à parte do real e se contentar com ele
O segundo: Não há mais nada a fazer a não ser escrever e esperar
Esperar por tudo e por ninguém.
Às vezes penso em colocar uma placa sob o pescoço:
“Meta
porrada e deixe um real”
Pois o vácuo
O silêncio crepuscular da ida a lugar algum
Me faz menos adjetivo
E mais substantivo comum
Inesperadamente sob o domínio das reticências
E abandonado pelo ponto final.
Por tudo isso recebo os royalties neuróticos
Abominações com peitos colagenosos
Simetrias de babuíno domesticado por alguns amendoins
E “obrigados” e “continue”.
O almoço de hoje foi uma benção melancólica
Um afago dos anjos misericordiosos
Sob o olhar dos diabinhos que usei e traí
Nada mais humano do que isso
Usar e jogar fora
Mesmo que sejam diabinhos
Para assustar a mim mesmo e mais ninguém.
Eu espero que ao final da noite eu sonhe com você
Mesmo que seja apenas um encontro onírico
Na bolsa uterina que me foi renegada
Mas que eu pinto com caneta esferográfica e nanquim
Como se fosse Modigliani
Perdido na Avenida Sophia Rasgulaeff
Nos fundos da minha realidade
Tentando fazer o clarão do dia despertar
Faltando poucas horas para a meia noite.
Pois o vácuo
O silêncio crepuscular da ida a lugar algum
Me faz menos adjetivo
E mais substantivo comum
Inesperadamente sob o domínio das reticências
E abandonado pelo ponto final.
Por tudo isso recebo os royalties neuróticos
Abominações com peitos colagenosos
Simetrias de babuíno domesticado por alguns amendoins
E “obrigados” e “continue”.
O almoço de hoje foi uma benção melancólica
Um afago dos anjos misericordiosos
Sob o olhar dos diabinhos que usei e traí
Nada mais humano do que isso
Usar e jogar fora
Mesmo que sejam diabinhos
Para assustar a mim mesmo e mais ninguém.
Eu espero que ao final da noite eu sonhe com você
Mesmo que seja apenas um encontro onírico
Na bolsa uterina que me foi renegada
Mas que eu pinto com caneta esferográfica e nanquim
Como se fosse Modigliani
Perdido na Avenida Sophia Rasgulaeff
Nos fundos da minha realidade
Tentando fazer o clarão do dia despertar
Faltando poucas horas para a meia noite.
...
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