sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

sobre Formas do nada - do poeta Paulo Henriques Britto



sobre Formas do nada (Cia das Letras, 2012)
do poeta Paulo Henriques Britto (RJ, 1951-)


Quando a poesia adentra o próprio labirinto


Em época em que tudo pode ser dito, com a ampla liberdade de expressão, com os midiáticos instrumentos de propagação de ideias, quando a linguagem pode carregar mil mensagens, acontece que nada mais é dito e a linguagem volta-se para si mesma. O enredo não é mais importante, mas os jogos de palavras, as contorções de fonemas e morfemas, as passagens secretas dentro do emaranhado de sílabas. Não é o que é dito que importa, mas como é dito.

Na prosa, o narrador não se preocupa com a história narrada, mas com o processo de narrar – por que narra? para quem narra? - e depois pensamos no que está sendo narrado. Na poesia, não importa mais o sentimento ou a comoção, mas um efeito sobre o leitor, um arranjo de desassossegos que um – muitas vezes ausente – sujeito lírico deixa num rastro de palavras. Hoje a poesia fala sobre o quê? Sobre algo além da poesia? Sobre a própria poesia? Sobre o fazer poesia? A poesia problematiza o que é poesia.

Uma denúncia da metalinguagem : a poesia fala de si mesma por ser incapaz de representar o mundo? algo além da fala poética? Afinal, seria mero simulacro, aquela mimèsis que os estruturalistas tanto debatem? Aqui em Formas do nada, sexta obra poética do autor/tradutor Paulo Henriques Britto, literato com três décadas de carreira, a poesia lembra o tempo todo que é poesia, que é composta de versos, de métrica, de pausas e sílabas curtas e longas, átonas ou tônicas, como explicita o poema inicialLorem ipsum,


Venham, diz ele,que eu lhes ofereço
sinéreses, cesuras, hemistíquios
e muito mais, e em troca lhes peço
sofríveis simulacros de sentido.


Pois, toda expressão volta-se sobre si mesma e sobre quem a enuncia, em motivo de desabafo que leve a algum consolo, que justifique ao mesmo a escrita, pálido refrigério para o poeta-fingidor que finge a dor realmente sentida, e ocultada atrás de palavras e palavras,

Tudo resulta apenas neste dístico:
Ninguém busca a dor, e sim seu oposto,
e todo consolo é metalinguístico.


Aqui não falta metalinguagem, com a qual estamos acostumados desde os modernistas, com ápice em João Cabral , para quem fazer poesia se assemelha ao singelo ato de catar feijão, a selecionar palavras tal qual peneiramos grãos,

Catar feijão se limita com escrever:
joga-se
os grãos na água do alguidar
e
as palavras na folha de papel;
e
depois, joga-se fora o que boiar.
Certo,
toda palavra boiará no papel,
água
congelada, por chumbo seu verbo:
pois
para catar esse feijão, soprar nele,
e
jogar fora o leve e oco, palha e eco. 


No mais, Lorem ipsum é um termo usado, em tipografia, para designar um certo texto padronizado (em latim) para preencher um dado espaço na diagramação, antes do texto a ser realmente impresso. Funciona como um texto-teste, que não requer atenção sobre si mesmo, mas sobre a disposição na página. É um texto que serve como parâmetro, não significação (a menos para quem seja versado na idioma de Horatius e Virgilius).


Além da própria fala, além do dizer-se sobre o estar-a-dizer, o poeta tem alguma crença na originalidade? Imagina algum estilo próprio no estilo da época? Como ser subversivo contra a subversão? Afinal, é bacana ser marginal, é aceitável ser beatnik, é comercializável ser desbocado. A subversão está diariamente nas prateleiras. O diferente agora é ser 'careta', formalista. Cansados de prosa espontânea? Ou de escrita automática? Então vamos ler os neo-parnasianos, os neo-formalistas.


Originalidade não tem vez
neste mundo, nem tempo, nem lugar.
O que você fizer não muda coisa
alguma. Perda de tempo dizer

o que quer que você tenha a dizer.

(Circular)

Afinal, numa época de liberdade de expressão, quando se pode dizer qualquer coisa, acabamos por dizer banalidades, acabamos por viver expressão, e nada realmente importante é dito. Ou tudo foi dito e estamos apenas a repetir. O próprio fazer poesia é analisado sob a lupa do poeta, que quer legitimar (ou não?) sua escrita


Escrever, mas não pode ter vontade:
escrever por determinação.
Não que ainda haja necessidade
(se é que houve) de autoexpressão,

(Oficina)

É de se perguntar por que o poeta escreve? Para si mesmo? Para para os leitores voyeuristas? Para os que consomem a dor fingida do poeta? O poeta não quer mudar o mundodesejaria mudar o seu próprio mundo? Desabafar sofreres e resgatar lembranças? Nada demais, para um labor inofensivo,


uma ocupação inofensiva:
quem cai na teia sequer se arranha.
(E a maioria dela se esquiva.)


aqui um trocadilho a demonstrar o lado lúdico aranha / arranha, onde 'arranha' invade pela proximidade fonética o campo semântico de teia / aranha / esquivar da teia de aranha.

Estes arranjos (e desarranjos) da linguagem que cria o clima poético, são temas de labutas em versos, como diagnosticamos em Oficina (I – V, pp. 13-17 ), onde meio ao senso de auto-crítica , confabulação metapoética , são explicitados os limites da expressão poética a partir do antilírico: “música que brota / onde a palavra era pra ser mais bruta” ( III , p. 15) e “Por dispor destas palavras. / Não outras.” para finalizar pessimista, “Nem mesmo destas, no final / das contas. A coisa vai mal.” (V , p. 17)

Em Poética prática ( p. 18 ) temos metafísica mesclada com metalinguagem, em certa referência ao poeta francês Mallarmé, o autor de Lance de Dados não Abolirá o Acaso, célebre com palavras semeadas sobre páginas em ousadas diagramações, que aqui parece um paradigma para a questão do significado do poema, ou se pode ser um belo nonsense, uma emaranhada sugestão que diz de si mesma, “Anda inconveniente a tal da poesia, / a significar? / Nada como um bom significante vazio / para abolir o azar.”

Também em Limiar (na p. 22) temos mais questionamentos, semelhantes a Poética Prática, onde igualmente a voz no poema fala das dúvidas de um outro - ou de si mesmo ? - que se presentificam (além de motivação), quiçá numa promessa de transcendência (se possível, mística? espiritual?), “Uma geografia de dúvidas / lhe percorria todo o firmamento: / serão serafins?

Se o poema diz algo além do poema é por que diz algo sobre o poeta? Afinal, alguém escreveu. Mas este alguémo autoré acessível? Que intenções ele pretendia ao encher laudas com palavras? uma possível biografia literária? Que tormentos ou traumas de infância levaram o indivíduo ao ponto de ousar adentrar o inferno-paradiso da poesia?

Lembranças pouco nítidas, provavel-
mente falsas. Imagens que se ordenam
segundo uma lógica indecifrável,
talvez inexistente. Mãos que acenam

uma porta entreabertanão, fechada -
uma criança que não reconheço:
ou seja, muito pouco mais que nada.
É tudo que me resta do começo

disso que agora pensa, fala e sente
que pode ser denominado 'eu'.
Claro que houve um instante crucial

em que esses cacos mal e porcamente
colaram-se. E pronto: deu no que deu.
é alguma coisa. Menos mal.


Quem é o 'eu' que é mencionado no terceto? Quem pode dizer este 'eu'? Em que grau este 'eu' é o autor Paulo Henriques Britto? Em que nível é possivelmente reconstituir este autor a partir do 'eu' que se apresenta manifesto, ao qual denominamos 'sujeito lírico'? Esta Biographia literaria ( I – VIII, pp. 29-36 ), pleno metapoema, um eu a se questionar nos limites da poética - eis o sujeito? - onde o eu não confia na memória tão fugidia, Corpo antes inteiro / tão tangível concreto // quase fictício agora, / névoa sem cor nem cheiro / onde nem mais memória.” , sem controle sobre o próprio destino e a própria voz, “Nada disso foi do jeito que eu quis.” (VII )

Em alguns momentos a confissão do poeta torna-se prosaica, cotidiana.Claro que houve um instante crucial // em que esses cacos mal e porcamente / colaram-se. E pronto: deu no que deu. muito de prosaico e cotidiano nestes versosdesde Manuel Bandeira e Mário Quintana, passando pelos 'poetas marginais' - nos acostumamos ao prosaico no líricoe em outros versos de outros poemas em Formas do nada que rompem ritmoalém de lirismoem prol da acessibilidade (ou comunicabilidade) enquanto em outros momentos o poeta é até hermético.


Em panorama, a questão da identidade tão trabalhada desde Emily Dickinson, Whitman, Fernando Pessoa, Sá-Carneiro, Aníbal Machado, Clarice Lispector, dentre outros, não pode faltar na poética da modernidade pós-moderna. Ainda em Biographia literaria, VII, que adentra questões existenciais (ou existencialistas, a maneira sartreana, do 'fazer algo do que fizeram de nós'),


Nada disso foi do jeito que eu quis.
Se fosse como eu quis, não haveria
de ser tão sofrido, tão infeliz.
Mas euo eu que soueu não seria.

Assim, não me lamento. Até me sinto
como quem tem não o que foi pedido,
e sim o que, guiado pelo instinto,
não pelo querer, teria querido.

O que de mais duro a vida me deu
-que dura mais quanto mais me custou
dele me acostar, e torná-lo meu -

o que não escolhi, mas me escolheu,
é o que , ao fim e ao cabo, mais eu sou.
Não é o eu que eu me quis. Mas sou eu.



As técnicas de despersonalizaçãonão apenas aquelas de Pessoa e Clariceevidenciam o quanto somos vários dentro de uma mesma máscaracomo o 'lobo da estepe' Harry Haller no romance de Hermann Hessee o quanto o poeta é um fingidor, que finge e sente ao mesmo tempo, que esforça-se para ser outro, para entender e absorver o outro,

Não ser quem não se é é coisa trabalhosa
Exige a disciplina austera e rigorosa

de que, achando pouco simplesmente ser,
requer o luxo adicional de parecer.

As essências enganam, e o eu é tão escasso
que que ocupar com alguma coisa tanto espaço,


(Ecce homo , p. 38)

em questionares sobre uma arte do fingimento, do poeta enquanto fingidor (ainda em Pessoa), sobre o que dizer sobre o que calar diante do mundo que a escrita não pode reproduzir sequer representar,

Fingir não é nada difícil
quando a própria realidade
é, de todas as hipóteses,
a que é mais indesejada.

(Canção)


Esta dinâmica da auto-observação propicia textos de ironia ao estilo poesia pensamento, assim em Seis sonetos soturnos ( I – VI , pp. 44-49 ), na forma de clássicos sonetos camonianos e ingleses, mas ao estilo Drummond de Andrade, Alexei Bueno, Marco Lucchesi, numa poética enquanto pensar erudito voltado sobre si mesmo, sobre os limites do dizer, “Nada de novo. A única surpresa / é constatar que mesmo o desespero, [...] termina se tornando simplesmente / uma espécie de enfeite sobre a mesa,” (IV , p. 47), pois a autoconsciência não significa exatamente saber-como-resolver. Sofremos e temos a ciência disso. Mas como deixar o sofrimento?

É quando o poeta se permite uma exteriorização de emoções, com atmosferas barrocas, assim em Tríptico com hotel e sirene ( pp. 19-21 ) numa descrição, quando a escrita delineia o cotidiano , o ser na cidade , desde o título, com evocações imagéticas, vejamos aí o tríptico, termo derivado das artes plásticas, onde designa uma pintura em três seções, geralmente dobráveis, com imagens sacras, devocionais. Sobretudo, imagens.

Esta é a hora inaugural da noite.
Toda a energia esbaldada do dia
Agora se recolhe compungida
Por trás de persianas. Seis e oito.


Ao observar-se, e observar sua geração, o poeta se desencanta, com o sonho que acabou. Em Pós ( pp. 72-73) , depois de tudo, lembrando do tempo de infância, quando se tinha esperança de que a nova geração poderia mudar o mundo – e foi o mundo que mudou a nova geração, então desiludida, conformada. É o fim da utopia, da utopias em geral, é o sofrido “the dream is over”,

Talvez porque sonhássemos errado,

talvez porque, enquanto alguns se davam
ao luxo de sonhar, outros, insones,
imunes, implacáveis, se entregavam
à tarefa prosaica de dar nomes

Sem antes os sonhar, [...]


pois, na verdade, o mundo não muda, sem solução, “Não, a coisa não tem jeito. / Nem nunca teve, aliás. Desde o início.

É o que leva ao tom niilista, de desistir de lutar, de qualquer luta, exceto as cotidianas para garantir a sobrevivência num mundo de explorações. Temos em Madrigal ( p.70 ) uma cantiga triste e amarga , “Desista: não vai dar certo.” ,“Desista, enquanto é tempo.” e “Desista, que a vida é incerta.” Um niilismo irônico assim: “ou insista. Dá no mesmo.” De um jeito ou de outro somos perdedores num sistema onde uma minoria lucra, ao dominar a mão-de-obra da maioria, que vive alienada. Numa ordem onde apenas se alternam os gerentes.

Desilusão que é alegorizada numa (digamos) parábola, ou Lenda ( pp. 67-69 ) uma peça de poesia narrativa, tecida em tercetos,uma lendasem moral da história, num inferno burocrático onde os funcionários são as vítimas do sacrifício ritual, depois de assinarem e expedirem as ordens de extermínio, como exímios cumpridores das regras e trâmites, num pesadelo kafkaniano,

Os formulários foram todos preenchidos
em sete vias, todas elas registradas.
As testemunhas rubricaram cada página.

Ninguém podia imaginar as consequências.

[]

Algo de estranho se processa após os trâmites cotidianos, algo irrompe a causalidade e faz surgir o inesperado, a sentença de morte, como consequência de seguir fielmente os ordenamentos, leis criadas tal uma rede que aprisiona,

[...]
Antes das nove tocavam os telefones.
Inicialmente eram consultas, vagas dúvidas;

depois, reclamações, protestos veementes;
por fim, imprecações, insultos, ameaças.
E uma pedrada na vidraça foi o símbolo

mais que concreto do que havia de ocorrer.

[...]

onde sentimos que o destino é certo e cruel, não pode ser questionado, mas aceito, como um sacrifício inclemente, nos capturaram com a maior facilidade / e nos levaram à pirâmide mais próxima. / o altar, o fogo, a faca, o sacerdote e o público / estavam todos prontos para o sacrifício.Mas do que se trata? pirâmide ? sacerdote? Estamos no império maia? Nas ruínas dos templos astecas? Que estranha civilização sacrifica sua burocracia? Será o totalitarismo soviético?

Diante do cataclismo que se aproxima, seja um fim do mundo maia, um terror nuclear, um ataque terrorista, o lance é aproveitar o dia, como queria o latino Horatius, em sua célebre ode I, 11, o tema do carpe diem, aproveita o dia,

Tentar prever o que o futuro te reserva
não leva a nada. Mãe de santo, mapa astral
e livro de autoajuda é tudo a mesma merda.
O melhor é aceitar o que de bom ou mau
aconteceu. O verão agora inicia
pode ser só mais um, ou pode ser o último...
vá saber. Toma o teu chope, aproveita o dia,
e quanto ao amanhã, o que vier é lucro.




pois segundo Instant replay ( p. 71 ) o viver é o aqui-agora, enquanto somos lançados ao futuro, ansiosos com o dia de amanhã, com o novo anunciado fim do mundo,A nostalgia pior / é a do instante presente - / sentir que se vive o agora / mas não o suficiente.

Viver assim diante do espetáculo do mundo, tal qual um poeta latino, um Ricardo Reis de olhar clássico diante dos turbilhões do existir,Até onde a vista alcança / é real todo o visível. [...] O logro é absoluto. / Melhor relaxar os músculos / e aproveitar o espetáculo” ( IV , p. 27, Cinco sonetos frívolos), ou verter desassossegos nos leitores, compartilhar o fel. Assim nas Três peças dispépticas ( pp. 56-59 ) quando uma voz fala de modo nada gentil com o receptor leitor, pobres de nós!, num exemplo da dissonância (ao estilo diagnosticado pelo crítico Hugo Friedrich), Não esteja à vontade. / A casa não é sua. / E se não gostar, / por ali é a rua.” (p. 56)




É estranho. É inusitado o Autor convidar o Leitor a se retirar do recinto. Pois o poeta sabe que precisa do leitor. Está nos manuais de Estética da Recepção, desde Jauss e Iser, além de Fish, e assim explicita no poema Apêndice ( p. 37), coisa de autor para leitor , quando a leitura é percebida enquanto atenção participativa, e o autor é leitor de outros, Para nós, que estamos de fora, / basta uma linha (pulada, / é claro, numa leitura / um pouco mais apressada).

Pois é esta presença do leitor – o autor espera ser lido, não? - é que motiva o ato de pegar uma folha em branco, e depois mandar para o editor, e reler folhas de prova, e autorizar a edição. Tudo que podemos ler em Quatro bagatelas ( pp. 60-63 ) na forma de poemas curtos e diretos , cheios de ironia e auto-ironia, o ser autoral diante dos impasses de elaborar poemas sobre o poético, e assim sobre o nada. “Vida sempre rascunho, folha sem pauta, / pasto de lacunas e rasuras , / risco sobre risco, pré- / -texto de nada.” (IV, p. 63)

Temos outros poemas, além de Três autotraduções (não exatamente traduções mas transcriações de poemas do próprio autor/tradutor) , entre o pensar e o poetizar, mas que podem ser resumidos em peças em mosaico, entre fala e forma. Entre o humor e o desgosto, um real Mosaico , onde o sem-sentido de existir , a mesmice do cotidiano , numa vida sem destino,nada senão / o amontoar-se dos dias”, numa meditação (em Envoi, p. 74) sobre o tempo que corrói e a fugacidade do ser mas o tempo pode “escrever com linhas tortas”, escrever na vida, não numa “folha esquiva” / “pois todo poema é murmúrio / frente ao amor e sua fúria.

Assim em som e fúria, o fútil viver na fala do amargurado usurpador da peça shakespeariana, falando de si para si, poema a dialogar com poema, numa rede mais forma do que manifesto, niilista das ideologias. Nos poemas, em Formas do nada, o tempo, aos poucos, distorcido, ainda dá forma, mesmo sendo forma de nada, ou tema de um lirismo resignado.


Formas do nada
1ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2012
Paulo Henriques Britto (RJ, 1951-)


Dez/12


Leonardo de Magalhaens



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