terça-feira, 4 de outubro de 2011

Vou-me embora pro Senado









Vou-me embora pro Senado


Vou-me embora pro Senado
Lá sou amigo do Sarney
Lá tenho a propina qu'eu quero
Na porcentagem que exigiriei
Vou-me embora pro Senado


Vou-me embora pro Congresso
Aqui eu não sou marajá
Lá o suborno é generoso
De modo todo indecente
A deputada é inocentada
E flagrada e filmada
Sem nada negar
Foi plenamente perdoada!


E como exigirei cargos
Voarei de helicóptero
Passearei de jatinho
Comerei a secretária
Treparei na tribuna
Pregarei o meu decoro!
E quando estiver na manha
Mando o funcionário fantasma
Assinar o meu ponto
Mando empregar a neta
O namorado da neta
A criada da neta
Pra manter a família
Unida no meu Congresso
Vou-me embora pro Planalto!


No Senado tem tudo
É farta corrupção
Tem nomeação à vontade
Tem cabide de emprego
Tem atos secretos
Tem a velha impunidade
Tem décimo-quinto salário
Tem notebook wireless grátis
Tem cartão corporativo à vontade
Tem subvenção pra ONGs
Tem putas de luxo
Pagas com verba pública
Pra gente relaxar...


E quando eu estiver mais velho
Mais ficha-suja que o maluf
Quando no fim do sexto mandato
Eu não me for reeleger
- Lá sou amigo do sarney -
Terei o cargo que eu quiser
No ministério que escolherei
Vou-me embora pro Planalto!




1ºout/11




paródia de “Vou-me embora pra Pasárgada


por
Leonardo de Magalhaens

http://leoliteraturaescrita.blogspot.com/





o poema original de Manuel Bandeira
em
http://www.luso-poemas.net/modules/news03/article.php?storyid=745





LdeM

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