fonte
da imagem: http://www.relampago.pt/
MÁRIO
CESARINY
You
Are Welcome To Elsinore
Entre
nós e as palavras há metal fundente
entre
nós e as palavras há hélices que andam
e
podem dar-nos morte violar-nos tirar
do
mais fundo de nós o mais útil segredo
entre
nós e as palavras há perfis ardentes
espaços
cheios de gente de costas
altas
flores venenosas portas por abrir
e
escadas e ponteiros e crianças sentadas
à
espera do seu tempo e do seu precipício
Ao
longo da muralha que habitamos
há
palavras de vida há palavras de morte
há
palavras imensas, que esperam por nós
e
outras, frágeis, que deixaram de esperar
há
palavras acesas como barcos
e
há palavras homens, palavras que guardam
o
seu segredo e a sua posição
Entre
nós e as palavras, surdamente,
as
mãos e as paredes de Elsenor
E
há palavras nocturnas palavras gemidos
palavras
que nos sobem ilegíveis à boca
palavras
diamantes palavras nunca escritas
palavras
impossíveis de escrever
por
não termos connosco cordas de violinos
nem
todo o sangue do mundo nem todo o amplexo do ar
e
os braços dos amantes escrevem muito alto
muito
além do azul onde oxidados morrem
palavras
maternais só sombra só soluço
só
espasmo só amor só solidão desfeita
Entre
nós e as palavras, os emparedados
e
entre nós e as palavras, o nosso dever falar
…
O
prestigitador organiza um espetáculo
Há
um piano carregado de músicas e um banco
há uma voz baixa, agradável, ao telefone
há retalhos de um roxo muito vivo, bocados de fitas de todas as cores
há pedaços de neve de cristas agudas semelhantes às das cristas de água, no mar
há uma cabeça de mulher coroada com o ouro torrencial da sua magnífica beleza
há o céu muito escuro
há os dois lutadores morenos e impacientes
há novos poetas sábios químicos físicos tirando os guardanapos do pão branco do espaço
há a armada que dança para o imperador detido de pés e mãos no seu palácio
há a minha alegria incomensurável
há o tufão que além disso matou treze pessoas em Kiu-Siu
há funcionários de rosto severo e a fazer perguntas em francês
há a morte dos outros ó minha vida
há um sol esplendente nas coisas
há uma voz baixa, agradável, ao telefone
há retalhos de um roxo muito vivo, bocados de fitas de todas as cores
há pedaços de neve de cristas agudas semelhantes às das cristas de água, no mar
há uma cabeça de mulher coroada com o ouro torrencial da sua magnífica beleza
há o céu muito escuro
há os dois lutadores morenos e impacientes
há novos poetas sábios químicos físicos tirando os guardanapos do pão branco do espaço
há a armada que dança para o imperador detido de pés e mãos no seu palácio
há a minha alegria incomensurável
há o tufão que além disso matou treze pessoas em Kiu-Siu
há funcionários de rosto severo e a fazer perguntas em francês
há a morte dos outros ó minha vida
há um sol esplendente nas coisas
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