terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Novos Ensaios em MEU CÂNONE OCIDENTAL 2014







Novos Ensaios

em

MEU CÂNONE OCIDENTAL


2013 / 2014


O Grande GatsbyF. Scott Fitzgerald [EUA]





LolitaVladimir Nabokov [EUA]




A Consciência de Zeno – Italo Svevo [Ita]




Herzog Saul Bellow [EUA]


O Livro de Daniel – E. L. Doctorow [EUA]


Complexo de Portnoy – P. Roth [EUA]


Pedro Páramo – Juan Rulfo [Mex]


A Laranja Mecânica – A. Burgess [UK]



2013 - 2014


by
LdeM

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

2 poemas de Mário Cesariny




                                                      fonte da imagem: http://www.relampago.pt/




MÁRIO CESARINY



You Are Welcome To Elsinore


Entre nós e as palavras há metal fundente
entre nós e as palavras há hélices que andam
e podem dar-nos morte violar-nos tirar
do mais fundo de nós o mais útil segredo
entre nós e as palavras há perfis ardentes
espaços cheios de gente de costas
altas flores venenosas   portas por abrir
e escadas e ponteiros e crianças sentadas
à espera do seu tempo e do seu precipício

Ao longo da muralha que habitamos
há palavras de vida há palavras de morte
há palavras imensas, que esperam por nós
e outras, frágeis, que deixaram de esperar
há palavras acesas como barcos
e há palavras homens, palavras que guardam
o seu segredo e a sua posição

Entre nós e as palavras, surdamente,
as mãos e as paredes de Elsenor
E há palavras nocturnas palavras gemidos
palavras que nos sobem ilegíveis à boca
palavras diamantes palavras nunca escritas
palavras impossíveis de escrever
por não termos connosco cordas de violinos
nem todo o sangue do mundo nem todo o amplexo do ar
e os braços dos amantes escrevem muito alto
muito além do azul onde oxidados morrem
palavras maternais só sombra só soluço
só espasmo só amor só solidão desfeita

Entre nós e as palavras, os emparedados
e entre nós e as palavras, o nosso dever falar







O prestigitador organiza um espetáculo

Há um piano carregado de músicas e um banco
há uma voz baixa, agradável, ao telefone
há retalhos de um roxo muito vivo, bocados de fitas de todas as cores
há pedaços de neve de cristas agudas semelhantes às das cristas de água, no mar
há uma cabeça de mulher coroada com o ouro torrencial da sua magnífica beleza
há o céu muito escuro
há os dois lutadores morenos e impacientes
há novos poetas sábios químicos físicos tirando os guardanapos do pão branco do espaço
há a armada que dança para o imperador detido de pés e mãos no seu palácio
há a minha alegria incomensurável
há o tufão que além disso matou treze pessoas em Kiu-Siu
há funcionários de rosto severo e a fazer perguntas em francês
há a morte dos outros ó minha vida

há um sol esplendente nas coisas





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